Empresas da UE aceleram investimento em I&D mas enfrentam desafios de produtividade

A União Europeia continua a reforçar a sua aposta em Investigação e Desenvolvimento (I&D) empresarial. Segundo o mais recente Scoreboard 2024 do Investimento Industrial em I&D da Comissão Europeia, as empresas sediadas na UE aumentaram o seu investimento em I&D em 9,8% em 2023 — um crescimento superior ao dos Estados Unidos (5,9%) e da China (9,6%).

Este é o segundo ano consecutivo em que a UE lidera o crescimento nominal face aos EUA e o primeiro em que ultrapassa a China. No entanto, o relatório alerta para fragilidades persistentes: quando ajustado à inflação, a China mantém a liderança no crescimento real de I&D e os EUA continuam a converter melhor o investimento em inovação e resultados económicos.

O Scoreboard, que analisa as 2.000 maiores empresas investidoras em I&D no mundo, revela também que mais de 85% do investimento global continua altamente concentrado — com apenas 50 empresas a representarem 40% do total investido (1.257 mil milhões de euros). A UE contribui com 322 empresas para este total, mantendo uma base sectorial diversificada com destaque para o setor automóvel, a biotecnologia e os semicondutores.

Apesar da evolução positiva em volume, o relatório destaca uma quebra na produtividade do investimento em I&D: são agora necessários recursos mais elevados para gerar inovação com impacto. Neste contexto, a Comissão Europeia reforça a necessidade de melhorar os processos de I&D, atrair e reter talento qualificado e adotar políticas públicas mais eficazes.

O Scoreboard 2024 representa um instrumento estratégico para investigadores, empresas e decisores políticos, com dados públicos que podem apoiar decisões informadas e delinear as próximas etapas rumo a uma economia europeia mais competitiva e inovadora.

Em Portugal: 

Em 2023, a despesa total em I&D das empresas em Portugal foi de 2 834 M€, representando 1,07 % do PIB, com 41 245 recursos humanos, dos quais 28 363 investigadores.

Em 2024, existiam 4 719 startups em Portugal — um aumento de 16 % face a 2023 (4 073) e 17 % comparado a 2022.

Estas startups geraram um volume de negócios agregado de 2 602 M€ e empregaram mais de 26 000 pessoas.

O setor empresarial respondeu por 62,6 % da despesa nacional em I&D (2 844 M€ totais)

Em 2023, Portugal implementou benefícios fiscais para I&D no valor de cerca de 1,1 mil M€, ou 0,39 % do PIB, o que posicionou o país no 1.º lugar da OCDE neste critério.

O sistema SIFIDE já apoiou mais de 9 537 empresas com um investimento acumulado de 11,2 mil M€ desde 2006.

O painel da DGEEC indica que a maioria dos gastos empresariais em I&D está alocada a engenharia e tecnologias (64,7 %), seguidas das ciências naturais e exatas (19,2 %).

A participação pública no financiamento (Estado) representou 9,2 % da despesa total, um aumento em relação ao ano anterior (7,3 %).

Na GM Consultores, acompanhamos de perto estas tendências e ajudamos empresas a alinhar a sua estratégia de I&D com as oportunidades de financiamento e os desafios de inovação do mercado global.

Fontes: Startup Portugal; Portugal Global; Compete 2030; FCT; IPP