Megatendências 2050 e a resposta do setor tecnológico: o caso do projeto a desenvolver com a ASSOFT – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE SOFTWARE
- patriciamatos15
- 24 de jun.
- 3 min de leitura

A RePLAN – Rede de Serviços de Planeamento e Prospetiva da Administração Pública – lançou recentemente a brochura introdutória ao Relatório Megatendências 2050, que será publicado até ao final deste ano. Neste documento são identificadas 9 grandes megatendências que deverão marcar o futuro de Portugal, com impactos transversais na economia, sociedade, ambiente e governação.
Este exercício de perspetiva pretende apoiar a formulação de políticas públicas e estratégias de longo prazo, oferecendo pistas claras sobre os desafios e oportunidades que se avizinham. No entanto, estas tendências não dizem respeito apenas à Administração Pública, mas também às empresas – e, em particular, aos setores mais inovadores que acabam por ter um papel fundamental na resposta coletiva às grandes transformações em andamento.
Foi com esse propósito que, em 2024, começamos a desenvolver com a ASSOFT – Associação Portuguesa de Software um projeto estruturante para a qualificação, capacitação digital e internacionalização das empresas tecnológicas. Hoje, ao olharmos para estas megatendências, percebemos que esse projeto antecipou de forma clara várias das prioridades estratégicas agora identificadas pela RePLAN.
As 9 megatendências que vão moldar o futuro de Portugal
A RePLAN identifica 9 forças estruturais que estão a transformar o mundo e que terão efeitos diretos no desenvolvimento económico e social de Portugal:
Mudanças demográficas – Envelhecimento populacional, novos padrões migratórios e alterações no tecido social.
Transformação digital – Generalização da inteligência artificial, automação, digitalização dos serviços e exigência de novas competências.
Transição energética e climática – Pressão crescente para descarbonizar da economia, diversificação de fontes de energia e adaptação aos efeitos das alterações climáticas.
Urbanização e reconfiguração territorial – Redefinição dos centros urbanos e valorização de territórios de baixa densidade através da digitalização.
Alterações geopolíticas e novas dependências – Reorganização das cadeias de valor globais, riscos associados à cibersegurança e à soberania tecnológica.
Economia e trabalho em transformação – Emergência de novos modelos de trabalho, aumento da automação e necessidade de requalificação.
Desigualdades e coesão social – Desafios à inclusão, à justiça social e à sustentabilidade dos modelos de proteção.
Saúde e bem-estar – Maior enfoque na saúde mental, tecnologias aplicadas à saúde e modelos de prevenção.
Cidadania, democracia e confiança institucional – Reforço da participação cívica, literacia digital e combate à desinformação.
O projeto ASSOFT – uma resposta estratégica antecipada às megatendências
O projeto ASSOFT, desenvolvido com foco no setor das PME tecnológicas, representa uma abordagem integrada de capacitação, inovação e internacionalização, preparada para responder de forma concreta aos desafios que Portugal enfrentará nas próximas décadas.
Assente numa lógica de especialização inteligente e progresso sustentável, o projeto estruturou-se em seis grandes tipologias de ação, direcionadas para a transformação organizacional, o reforço da competitividade e o alinhamento com novos modelos de negócio digitais, colaborativos e resilientes.
Entre as principais iniciativas destacam-se:
Diagnóstico de maturidade digital e organizacional, para mapear as necessidades e potencial de evolução das PME;
Capacitação em áreas críticas, como Inteligência Artificial, Cibersegurança, Sustentabilidade (ESG) e Gestão da Inovação;
Promoção de redes de colaboração, nomeadamente com ENESIIs e parceiros internacionais, estimulando a inovação aberta e o co-desenvolvimento – a anunciar em 2025;
Roadshows e congresso setorial, para disseminar conhecimento, debater tendências e acelerar a adoção de soluções tecnológicas estratégicas.
Este projeto vai muito além de uma resposta às necessidades imediatas do setor. Ele antecipa e operacionaliza várias das megatendências estruturais agora identificadas pela RePLAN, afirmando-se como um contributo relevante para a transformação económica e digital do país:
Megatendência | Resposta do projeto ASSOFT BORN DIGITAL |
Transformação digital | Programas de capacitação tecnológica, ferramentas digitais, adoção de IA e ESG Tech |
Economia e trabalho em transformação | Requalificação de recursos humanos, inovação organizacional e cultura colaborativa |
Alterações geopolíticas e internacionalização | Estratégia “Born Global” com enfoque na exportação digital e redes internacionais |
Transição energética e climática | Integração de práticas ESG, desenvolvimento de ferramenta de medição de impacto |
Cidadania, democracia e confiança institucional | Literacia digital, transparência nas práticas empresariais, ética na inovação |
Preparar o futuro começa agora
A publicação da brochura Megatendências 2050 deve ser lida como um alerta estratégico e um convite à ação. Os desafios identificados não pertencem a um futuro longínquo — estão já em curso e exigem respostas estruturadas, visão partilhada e compromisso coletivo.
O projeto da ASSOFT é um exemplo claro de como o tecido empresarial pode alinhar-se com os grandes desígnios nacionais, atuando como motor da transformação digital, da inovação sustentável e da competitividade global.
Acreditamos que este tipo de abordagem – colaborativa, visionária e orientada para resultados – deve ser replicada, adaptada e expandida a outros setores estratégicos da economia nacional. Só assim Portugal poderá afirmar-se, com sucesso, como um país preparado para os desafios e oportunidades de 2050.
Este artigo foi desenvolvido por Patrícia de Matos, responsável pelo desenvolvimento estratégico do projeto ASSOFT BORN DIGITAL.